sexta-feira, 4 de junho de 2010

A música da minha vida

Hoje tive o prazer de almoçar na excelente companhia de Fabrício, Costinha, Cláudia e Marcelo. Tive poucas oportunidades de conversar com Costinha, mas as poucas vezes que o fiz já me deram a noção de que ele sempre surpreende com um papo extremamente agradável e, sobretudo, inusitado.

Hoje ele me deixou com uma inquietação. Em dado momento ele fala: "eu já escolhi a música da minha vida, é Roda Viva", e ainda manda "da próxima vez que vir vocês, quero saber qual a música das suas vidas"

Rapaz, desde esse minuto minha vida tem passado toda em minha cabeça. Claro que eu não tenho nenhuma condição de eleger uma música, pelo menos ainda não, mas percebo que já posso apontar algumas candidatas.

As letras de Chico Buarque acho que foram o estopim. Mesmo antes de Renato Russo, acho que eu já me assustava com as possibilidades que ele, Chico, trazia. Tive um fascínio por Futuros Amantes quando a descobri. Tempos depois, minha amiga Dani Huebra me mostrou o que eu via e não sabia explicar: alguém que coloca a palavra "escafandristas" em uma letra só pode ser gênio - de fato!

Mas não consigo dizer que essa seria a minha música. Como vou escolher entre tantas outras de Chico e tantas outras dos outros? Lembro da bofetada que foi escutar, em capela, "Beradêro" do outro Chico. "A voz da santa dizendo: o que é que eu tô fazendo cá em cima desse andor" quase me levou ao nirvana. Fiquei fã desse conterrâneo de cabeça redonda e cabelo estranho. Hoje Cláudia resumiu bem que ele consegue ser a mistura de Gregório de Matos com Guimarães Rosa - concordei plenamente.

No entanto não sei se Beradêro foi mais impactante do que "Língua", onde Caetano diz que gosta de sentir a prórpia língua roçar a língua de Luiz de Camões. Que bela maneira de brincar com o Português! Aliás, Caetano desbanca qualquer tentativa de um poeta iniciante que rima os verbos de mesma conjugação. Ele consegue rimar Krishna com Vixe-Maria-Mãe-de-Deus, pode?

Essas músicas, e outras tantas, fazem parte de uma etapa legal onde a gente escutava as boas bandas de JP nos bons bares dos anos 90 - Mas era do meu amigo André Guilherme a homenagem que me deixava vaidoso. Quando eu chegava em um local que ele estava tocando, sempre começava a cantar "Encontros e Despedidas" de Milton Nascimento dizendo que era "minha música". Realmente, antes de Maria Rita e da novela, era minha (rs), mas depois deles, não sei se ainda é...

Meu romance com Aninha foi embalado no início por uma música que é a nossa cara. Essa bem que podia ser a 'minha', mas por enquanto vou chamá-la de candidata. É linda mesmo e de lembrar um tempo tão bom do início da nossa descoberta um do outro, do início da nossa história, guardo-a, talvez, com mais carinho... É só pensar em você que muda o dia, minha alegria dá pra ver... Assim falava Chico Cezar parecendo que havia feito a letra pensando na gente. Mas era a voz de Rita Ribeiro que se comunicava com uns arranjos maravilhosos de violoncelo - perfeito!!!

Difícil decisão, viu Costinha, vou tentar fazer minha escolha. Caso não tenha decidido no nosso próximo encontro, terá sido porque a minha música não é uma, talvez seja o meu coração musical do tipo cabra safado, tem vaga pra várias amantes, mas com especial atenção a uma, a depender do tempo...