domingo, 12 de abril de 2009

O fiasco da Paixão do menino deus

Depois de um longo e tenebroso inverno, volto a escrever nesse blog. Nem tinha me dado conta de que a última postagem tinha sido em julho do ano passado - como o tempo voa (rs). Voltei menos por saudade e mais por vontade de desabafar a minha indignação. Hoje saímos, eu e Aninha, para ver A paixão do menino deus, de Tarcísio Pereira... Já que foi esse espetáculo que me fez voltar a escrever, eu vou aqui me permitir ser crítico teatral, com muita chance de estar sendo injusto pois vou criticar algo que nem cheguei a ver por completo

Começamos a nossa odisséia de chateações desde a entrada. Vimos, do alto da nossa arquibancada cadeiras que, teoricamente, seriam reservadas a pessoas com necessidades especiais. Como a peça havia começado e as cadeiras não haviam sido preenchidas, achamos que poderíamos pleitear um desses lugares. Qual foi a nossa surpresa quando fomos barrados de forma mal educada, como infelizmente é comum na Paraíba, por um funcionário da Prefeitura. Voltamos constrangidos à arquibancada, porém a indignação aumentava quando víamos que fomos as únicas pessoas barradas. Adolescentes, casais apaixonados, crianças, adultos jovens, todos foram tomando seus lugares nessas cadeiras, sem no entanto mostrarem qualquer motivo para terem conseguido esse privilégio.

Nos restou curtir o espetáculo da nossa arquibancada... Deus, e o espetáculo... Com todo respeito a pessoas como Patrícia e Ely, que estavam se esforçando em fazer um bom trabalho no elenco, nos deparamos com uma dessas pecinhas de colégio que só são suportadas pelos parentes dos alunos-atores e que se tornam instrumentos de tortura caso se demorem por mais de meia hora. Texto paupérrimo, tentando forçar uma certa originalidade para tratar um assunto tão batido como as drogas e a violência. Irritei-me mais especificamente com as cenas cheias de figurantes mal-dirigidos que intercalavam as expressões faciais tão artificiais e forçadas com aquelas irritantes danças de rua – ou street dance, como dita a boa americanização da cultura. Bom, por sorte, acho que o próprio Jesus se constrangeu e mandou uma forte chuva que acelerou o fim do nosso martírio, antes mesmo do fim do espetáculo.

Não sei se estou sendo chato demais, provavelmente sim, mas tenho que expressar que o que me restou dessa noite foi a impressão de desleixo, de que o público da Paraíba merecia um trabalho mais bem feito... Enfim, acho que Tarcísio Pereira poderia ter feito melhor...

Bom, nem tudo está perdido. Vi no palco o meu xará, Gustavo Limeira, filho de Nara, que se mostrava bem à vontade entre os atores. Visto a veia artística da família, quem sabe está nascendo uma nova promessa nas artes cênicas da Paraíba. Estamos precisando de sangue novo, não é verdade?